quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A Formiga e a Cigarra


Senhora Formiga, nesta redondeza
Solitária e camponesa
Tem,
Tem como três vezes mais rica
É portadora de luxuosa riqueza
Que poupou durante a sua contínua vida.

Habituou-se desde pequena à luta,
Ao enorme calor e à aventura brava.
Vivia a trabalhar, com heroísmo e valentia,
Armazenando tudo o que encontrava.

Hoje está bem, mas é muitas vezes malquista
Faltam-lhe umas quantas emoções nobres.
É muito egoísta
E detesta as miúdas que são pobres.

Senhora Cigarra, por exemplo,
Atenta a tudo, vive à sua maneira,
Cantando todos os dias…
Tem a garganta cheia
E o estômago vazio…
Entretanto, coitada, é boa e estupenda.

Chega a passar fome, mas pouco importa.
Só quer não acabar a sua vida.
Anda de casa em casa,
Senão trabalha é só por não querer.

Entregou-se de vez à vida vadia e
Se ela ouve a palavra riqueza,
Ela responde, traquina, cantarolando,
Que o seu bem é a Natureza.

Um dia destes... Chegara o frio
A pobre Cigarra foi ter à vizinha formiga
E apelou envergonhada
Para o seu sentimento amistoso:
-“Mata-me a fome que me esmaga,
Quero pão e mais nada.”

A irónica amiga,
Serena, britânica, solene disse assim:
-“Sou a mesma formiga
De quem falava o velho La Fontaine,
Nem fiques a esperar.”

“O que fizeste no Verão
Quando trabalhava, estrada fora?”
“Eu cantava.”-disse-lhe a inocente.
-“Ah! Cantavas?! Pois canta e dança agora!”
Deus que ouvira,
Decidiu do alto dos céus:
-“Cigarra, canta, que o canto
Será o teu pão de cada dia.”

Esta lenda garrida
Que não se consome,
Com o tempo,
Vem aos poetas provar
Que a Cigarra
Nunca mais morreu de fome…
Morre agora é de cantar.

Autores do texto:
Daniel Guerra nº 8
Daniel Gregório nº 9

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